
Nunca fui “pai de cachorro”. Acho isso um impropério. Fui amigo de cachorro! Nossa relação era de amizade e ajudas mútuas. Eu cuidava dele e ele cuidava de mim, de todos que com ele convivia e da casa, avisando quando tinha problemas, pessoas chegando, nos protegendo (era bravo quando precisava e somente quando precisava).
Thor foi um cachorro que nunca mordeu ninguém, tinha um péssimo defeito de cheirar a bunda dos outros, mas o que é cheirar a bunda para um cachorro? (rssss), aliás, ninguém podia por a mão nele que ele enchia o saco dessa pessoa até ela não aguentar mais. Ele era chato! rssss Ciumento (ninguém podia falar comigo que ele azucrinava), possessivo, acho que pensava que eu é que era o cachorro dele. Tão cheio de defeitos que chegava a me cansar! Mas, quando eu pensava nas qualidades e olhava para aquela eterna cara de filhote, seus defeitos se iam. E eu me desmanchava rsss Ele sabia usar essa sua “arma” rssss.
Thor se foi! Com ele foi um pedaço de mim. Foram 11 anos pensando nele todos os dias, chegando ao ponto de não fazer certas coisas por causa dele e não me arrependo de nada que não fiz por causa deste 4 patas – absolutamente nada! E este não arrependimento e o sentimento de que fui até as últimas consequências para salvá-lo me deram outro aprendizado que só foi proporcionado pelo fim de sua vida: o do abrir mão e o cuidado incondicional ao outro, ao diferente, sabendo que não receberia mais nada em troca – um sentimento difícil de sentir neste mundo do individualismo, do consumo e do preenchimento da vida com coisas fúteis.