Desde que nossa Pitinha foi embora, a casa ficou mais silenciosa e a cozinha, que era nosso lugar preferido, já não tem a mesma graça. Encontrar um pelinho dela tem sido cada vez mais raro, mas, quando acontece, meu coração explode em dor e saudade. Os apelidos e músicas que inventamos para ela não têm mais destinatário. Não tenho mais minha companheirinha de dividir pão, leite, ricota e coalhada. Desde que ela se foi, estamos aéreos. Eu já experimentei a negação, a raiva e uma tristeza e saudade absolutas. Ela foi uma gatinha preta talvez sem grandes atrativos aos olhos da maioria, mas, para mim, ela era infinita em seu corpinho de dois quilos… com a carinha, o focinho, os dentinhos de vampirinha, os olhos de bolota e os feijõezinhos nas patinhas mais lindos que já vi na vida, além do melhor cheiro do mundo. Meu dragãozinho, você foi só sorte em nossas vidas. Obrigada por ter cruzado nossos caminhos e, mesmo tão pequena, ser tão imensa para nós. Sei que está bem e que um dia iremos nos reencontrar. Amamos você.