O que dizer de um gatinho que foi por tanto tempo o melhor companheiro que alguém poderia pedir?
Bom, nos conhecemos bem cedo. Você tinha três meses, e eu, quatro anos. Dois bebês que se encontraram cedo na vida e nunca imaginaram que este momento ia um dia realmente chegar. Durante dezesseis anos, você viu muita coisa acontecer. Aguentou com toda a paciência do mundo minhas brincadeiras de criança; não importa o quanto eu te esmagasse, ou em qual brincadeira eu te metesse – você sempre estava ali comigo, me fazendo companhia e me amando. Fomos crescendo juntos, e nossa, o quanto você aprontou! Comeu um novelo inteiro de lã e depois passou mal, se escondeu no apartamento da praia, se trancou pro lado de fora da floreira, foi até pego por algum bicho no bosque e teve que operar o joelho, e nada se compara à última vez que nos mudamos quando você sumiu e fez meus pais acreditarem que tinha se jogado da janela do apartamento. Cada susto que você me deu! Mas no fim, todas estas situações acabaram bem. Confesso que no fundo, acho que acreditava que você era invencível.
Você deixou tantas lembranças! Suas pequenas manias além de me marcarem pra sempre, me farão sentir saudades a cada ausência sua. Gosto de lembrar em como você só voltava do telhado quando eu te chamava, ou em como você tentava fugir me enganando, dando um passinho devagar de cada vez pra eu não perceber você estava indo cada vez mais longe. Sinto falta de você pedindo um pedaço de literalmente tudo que eu comia, sinto falto dos seus miados mudos e ao mesmo tempo sinto falta de quando você fazia escândalo por motivo nenhum. Sinto falta de você pedindo colo pro meu pai em qualquer momento que ele sentasse, sinto falta de te abraçar e sentir suas costelinhas, sinto falta de pegar suas patinhas pequenas, sinto falta de dar beijinhos na sua cabeça, sinto falta da sua fragilidade nos meus braços. Apesar de você ter envelhecido muito rápido nos últimos anos, sinto que foi quando mais nos aproximamos.
A parte engraçada é que venho me preparando pelo dia em que você partiria fazem alguns anos, e mesmo assim quando o momento chegou, eu não estava nada preparada. Todos sempre falaram o quanto você estava envelhecendo e que esse dia logo chegaria, mas nunca pensei que realmente se concretizaria. Como eu disse, talvez na minha cabeça você fosse invencível. É muito difícil pra mim olhar os lugares onde você gostava de ficar, e não te ver lá. É muito difícil chegar em casa e perceber que você não está na sua caminha, é muito difícil sentar pra comer e perceber que você não vai vir pedir um pedaço. Sinto falta de trabalhar deitada no meu computador e você deitar no meu peito na frente dele, me atrapalhando e não me deixando fazer nada. Sinto falta de cada pedacinho de você, todos os dias. E acho que vou sentir pra sempre.
Espero que você tenha tido uma vida feliz comigo e espero que tenha ido em paz, porque sei que no fundo, apesar de estar se esforçando para continuar aqui na terra, você já estava cansado e tinha cumprido seu papel aqui. Sei que é egoísta da minha parte, mas queria ter tido mais tempo com você. Espero que não tenha se sentido sozinho, e saiba que o que eu mais queria era estar com você nos seus úlitmos momentos – mas no fim, não é isso que importa. O que realmente importa foram nossos dezesseis anos de amizade, todos nossos momentos juntos e a vida inteira desse gatinho maravilhoso que você é, que eu sempre amei com todo meu coração – e com certeza vou amar para sempre. Obrigada por todos os anos de companhia, por nunca ter me machucado, por ter sempre me amado tanto, por ter sido simplesmente o melhor gatinho que eu poderia ter ou pedir. Te amo pra sempre, saiba que você vai ser eterno no meu coração. E quem sabe o que o universo reserva? Talvez a gente até se encontre de novo algum dia.
Com muito amor,
Di