6 [longos] meses sem vc!
Absurda a falta que nos faz!
Henrique tem perguntado sobre vc: “quero Bria aqui!”. E eu digo: “empatamos!”.
O 1o Natal sem vc foi estranho. A sala ficou organizada pq os papéis dos presentes ficaram inteiros, faltou vc para rasgá-los e espalhá-los por td.
A ida para praia tb teve menos graça. Ninguém avançando qdo parava alguém no portão, ninguém berrando em volta da piscina. As bolas de plástico voltaram inteiras, nem um furinho sequer.
O silêncio às vezes atordoa. O vazio que deixou tb. Não houve um só dia em que não lembrei de vc, sua nêga danada. Saudade virou rotina por aqui.
Mas, apesar da distância física, independente de data e local, te levo comigo pra onde vou. Amor não separa jamais! ❤
Hoje faz 2 meses da sua partida. Se você soubesse a falta que me faz e o quanto dói esta saudade, voltaria correndo para o colo do qual você nunca deveria ter partido. Te amo pra sempre, minha barbuda linda. Flavia
Bria, para mim, sempre foi como amor: 4 letrinhas singelas que, reunidas, contém a imensidão.
No dicionário da minha vida, Bria tem várias acepções: 1. Amor, lealdade, pureza, amizade. 2. Doçura, meiguice. 3. Gênio forte, possessividade, signo de Touro. 4. Bravura, coragem, destemor, guardiã. 5. Rosnados e latidos inconfundíveis. 6. Olhinhos de bibs, perninhas cambaias, bundão, coquinho, orelhas ponto e vírgula, bigodes e pestanas. 7. Pelo sedoso e macio, cheirinho bom. 8. Coelha saltitante, capivarinha, pantera negra. 9. Proprietária de bolinhas coloridas, brinquedos espalhados pela casa. 10. Generosidade – ela aceitou a Luna, o Shalon (em um momento muito difícil da vidinha dele), a Bella. 11. Ser vivo que me ajudou a superar uma depressão. 12. Parceria, companheirismo. 13. Primeira palavra do meu sobrinho. 14. Rainha da casa, nossa preciosa. 15. Pacotinho valioso de pelo e de amor. E olha que esse rol é exemplificativo…
Mas, de todas as características da minha nêga, duas delas me vêm à mente quando penso nela: devoção e valentia.
Devoção porque ela foi, certamente, meu cachorro mais dedicado. Sempre teve 5 donos e se dedicou a eles em igual medida. Talvez por isso não fizesse questão de mais ninguém, pois creio que a devoção a 5 humanos já lhe desse bastante trabalho. Cansei de chegar da balada de madrugada e lá vinha ela, cambaleando de sono, me fazer festa. Meu irmão mais velho morou um tempo na BA e, mesmo após meses sem vê-lo, ela enfartava quando ele chegava. Toda vez que meu outro irmão chegava do trabalho ou descia as escadas pela manhã, idem. Meu pai já teve as pontas dos sapatos urinados de tanta emoção que ela sentia ao vê-lo chegar. Com minha mãe ela dormiu de conchinha várias vezes. Ela era de e para todos nós.
Já a valentia é porque ela nunca foi de latir à distância. Ia pra cima do que lhe ameaçava sem temor algum. Muitas vezes faltavam noção e bom senso e ela avançava em rottweilers e pastores doze vezes maiores do que ela – e então eu me encarregava de ter noção por mim e por ela, puxando-a para longe, mas sob seus protestos. Baixinha invocada!
Mas a valentia a qual me refiro não é essa. Ela teve câncer em janeiro de 2015. Operamos, tratamos e superamos. Seus pelinhos caíram e ela vomitou após as quimios, mas nunca esmoreceu. Foi valente do início ao fim. Me deixava fazer curativos nos pós-operatórios sem dar um pio. Nunca avançou em mim por isso; pelo contrário, me olhava com a confiança de que eu jamais faria mal algum à ela.
A certeza da sua valentia confirmou-se em janeiro deste ano, quando a doença voltou. Eu tinha o diagnóstico dela em mãos, mas fomos para praia e eu a vi correr em volta da piscina, nadar, correr na areia da praia, brincar com suas bolinhas e fazer farra com meu sobrinho. Na volta, ela foi operada. Novamente, operamos, tratamos e superamos. Dessa vez, com duas alegrias a mais: seus pelinhos não caíram e seu apetite permaneceu voraz, sem vômitos. Fizemos ultrassom em março e o resultado estava lindo! Sua última quimio foi 26/04, dia de seu 14º aniversário.
No entanto, cerca de um mês depois, num dos muitos colos que dava à ela, observei um carocinho em sua perna esquerda. Fizemos exame, que acusou novo mastocitoma. Optamos em operar para retirá-lo e, para isso, fizemos novo ultrassom dia 26/06. Mas dessa vez apareceu metástase no baço e num linfonodo. Iniciava aí uma jornada louca e intensa, uma espécie de “doce novembro” canino, pois foi quando tive a consciência de que nossa convivência estava chegando ao fim. Decidimos apenas tratar para não perdermos tempo com a doença. Ela fez duas quimios, mas, nesse meio tempo, o tumor da perna começou a crescer de forma assustadora e a sangrar de vez em quando. Quarta-feira da semana passada ela teve uma forte reação à segunda quimio e teve que ser internada. No dia seguinte, fui buscá-la no fim do dia, mas ela teve alteração respiratória e teve que ser internada novamente. Nessa altura o tumor já sangrava sem parar. Foi quando decidimos fazer cirurgia para retirá-lo, com a consciência de que a intervenção cirúrgica visava apenas ao seu conforto, e não à cura. Ocorre que, antes de operar, a veterinária me ligou avisando que o tumor da perna se ligava a uma nova massa abdominal e que a cirurgia não valeria a pena. Fomos para clínica decididos pela eutanásia. Quando chegamos lá, ela veio berrando (estava nos contando o que tinha acontecido), alegre por nos ver e, ao ser colocada no chão para fazer xixi, correu para o carro. Eutanásia abortada, ela veio bem feliz no carro. Entrou em casa satisfeita e eu, que sempre fui xiita com sua alimentação, liberei pão de queijo, rosquinha doce, bolo, pipoteca. Se ela tivesse me pedido uma bera, eu dava. Fez as refeições comendo na minha mão porque queria assim. Tentei minimizar com todo amor a fragilidade emocional dos dias de internação. Na terça-feira passada seu tumor diminuiu e ela estava tranquila e disposta. Meu coração se encheu de esperanças. Nesses dias vivi pra cuidar dela, já que ela sempre viveu para nós. Devoção se paga com devoção.
Estava tudo sob controle, mas, na madrugada de 5ª pra 6ª, o tumor da perna abriu. Ela não conseguia apoiar a perna no chão, não conseguia se levantar, gemia e tremia de dor, mesmo estando super medicada. Foi uma noite difícil, principalmente porque era impossível vislumbrar uma melhora daquele quadro. A eutanásia pairava na minha cabeça como a única saída para que ela parasse de sofrer. E foi muito difícil admitir isso. Sempre fui a favor desse procedimento em casos extremos, mas posso garantir que a escolha é infinitamente mais difícil do que eu supunha. É preciso deixar o egoísmo de lado e pensar “antes eu sofrendo do que ela”. E então, na manhã de 28/07, após avançar no veterinário, embrulhada em uma manta rosa linda e quentinha, sobre o meu colo e com a música de São Francisco que escutávamos juntas tocando no meu celular, ela partiu. Precisou de uma seringa a mais, já que, como todo ser valente, tinha um coração forte batendo no peito. Partiu em paz, rodeada pela família que tanto a amava. Lá fora, um céu azul anunciando um belo dia de sol. Dentro de nós, amanhecia um dia cinzento e sombrio.
Temos pouco mais de 24h de separação física, mas é incrível a falta que já me faz. Ainda a vejo pelos cantos da casa, na cama, no canto do sofá para sesta, nas almofadas da sala, no tapete do meu quarto, nos cantinhos do terraço onde tomava sol. Escuto seus passos pelo piso e vejo seus olhinhos pidonhos ao redor da mesa nas refeições. Difícil saber que a nova rotina será sem tudo isso…Vazio na casa e no coração é o que define o atual momento.
Eu entendo que animais tenham que partir uma hora, mas nunca vou compreender porque precisam sofrer antes de ir. Nessas horas, resta-nos aceitar e agradecer pela convivência.
Toda a gratidão do mundo à Bria, por ter me permitido fazer parte da vida dela ao longo de seus 14 anos, 3 meses e 2 dias de vida. Sempre reverenciarei sua existência! Ainda iremos nos reencontrar!
Ontem, depois de tudo que havia passado, 2 recados importantes me vinham à mente:
1º) Vó, cuida dela pra mim? Ampara, cuida e protege minha bichinha. Sei que você sabe a importância dela na minha vida. Sei também que a matilha aí em cima tá ficando grande, mas quando eu chegar, assumirei com imensa alegria a turma toda.
2º) São Francisco, segura as poltronas do teu céu porque Bria e Luna (cantinho da saudade de ago/2013), quando se põem a correr, tiram todas do lugar!
Bria, você foi, é e sempre será luz nas nossas vidas! Te amamos pra sempre!
Com todo amor do mundo, Eros, Tina, Thiago, Bruno, Flavia, Bella e Henrique.