Neste blog especial para o Dia das Mães, trazemos o depoimento de uma mamãe que teve através da companhia de seu pet a inspiração para a maternidade.
Em nosso trabalho, temos a oportunidade de vivenciar centenas de histórias lindas nas quais o pets têm uma participação efetiva na construção de sentimentos e afetos muitas vezes adormecidos em nossa própria existência.
Neste momento em que nossa homenagem se volta a todas as
mamães, desde as mamães biológicas, mamães de pets, mães
adotivas, mães dos pais, independentemente de sua missão
neste plano, ser mãe de uma vida, até mesmo de uma plantinha,
por si só é uma benção, pois seu cuidado permite a manutenção
da vida com seu amor, com o cultivo de seu mais nobre
sentimento.
Ao nos relacionarmos com tantas famílias, conhecemos histórias
lindas de mulheres que tinham receio de serem mães e neste mês faremos uma homenagem à elas.
Se escrevêssemos todas as histórias, teríamos um belo livro; então para resumir, uma de nossas clientes abriu o coração e relatou a sua experiência. Ela preferiu não se identificar, mas se sentiu muito feliz em poder contar um pouquinho de como o seu pet mudou o conceito que ela tinha sobre “maternidade”.
“Eu era aquela mulher que tinha medo da maternidade, das
responsabilidades que um filho traz com sua chegada, do educar,
do dispor de atenção integral e por fim, de tanto tempo de dedicação que uma vida precisa para se desenvolver. Será que serei capaz? Terei condições emocionais, financeiras e afetivas para ter um filho? E tantas outras dúvidas que vão surgindo até que, a pessoa especial chega, um pet especial chega como filho e assume não apenas o espaço, mas o coração, o
tempo, as responsabilidades e custos dentro deste novo lar.
Brinquedinhos, o banho no pet, os passeios, as viagens, o ato de ensinar regrinhas como o lugar do xixi…e assim o tempo vai passando e esse sentimento envolve a família num afeto e numa gama de cuidados semelhantes aos de um filho biológico.
Conforme meu “filhinho” pet foi envelhecendo, o desejo da
maternidade foi se abrindo no coração, pois eu já estava
cuidando de uma vida com tanta dedicação e amor, e de repente, um membro novo estava a caminho para trazer alegria ao lar. Tudo parecia mais leve, pois aquele medo do cuidado já não era tão intenso, mas ainda sim uma emoção tomava conta de mim a cada mês.
Conforme a barriga vai crescendo, o pet vai sentindo e cuidando
da barriga. Ele sabe que ali tem uma vida! Já não pula mais tanto
no colo para cuidar da mamãe e, no álbum de gestante, a família aparece completa.
E, quando nasce o bebê, nasce um cuidador natural! Aquele que
segue à frente do carrinho, que dorme ao lado do berço, que se
deita sobre o tapetinho do chão pra jogar brinquedos para o bebê. Criança e pet vão crescendo juntos numa relação de amizade tão linda que a alegria é parte constante no dia a dia.
Porém quando você se dá conta, seu pet está mais velhinho, e precisa dizer adeus! Hora muito difícil, pois ele te deixou tantos ensinamentos, tanto amor, que pairam dúvidas no ar sobre nossa dedicação. Será que ele se foi porque estava triste
comigo? Será que ele acha que o abandonei? É neste momento
que um turbilhão de sentimentos nos afeta, pois muitas vezes
associamos a partida do filho pet com a chegada do biológico.
Mas não! Muito pelo contrário. É como se ele dissesse: “Seu primeiro sentimento materno foi comigo. Te ensinei tudo que eu podia, agora, preciso sair de cena pois você conseguiu, você é uma excelente mãe”!
E assim, aquele medo lá do início que assombrava de incertezas
o coração, da maneira mais simples e bela foi se esmiuçando.
Com a pureza daquele serzinho enviado por Deus quebrando
todos os maiores medos…e a maternidade aconteceu!
Sempre tive em meu coração que não queria ter filhos. Por medo
do mundo, das responsabilidades de cuidar de uma vida além da
minha. Isso estava certo pra mim! Mas eu tinha uma missão de
ser mãe biológica, e uma vida pequenina, canina, mesmo que
diferente da biológica me foi enviada para aflorar esse
sentimento de amar alguém com todas as minhas forças além de
mim: meu filho, hoje com três anos é uma bênção em minha vida.
Relato minha história para dizer que mesmo com a chegada de
meu filho biológico, não abri mão daquele que me ensinou a ser uma mãe; que me ensinou a vencer o medo da maternidade: meu eterno
filho de quatro patas, meu pequeno pet, que foi enviado por Deus para me inspirar nesta linda missão. Jamais o esquecerei”.
A. L. T.
Convidamos também a psicóloga Fabiana Witthoeft para comentar a relação de afeto entre tutoras e pets.
Podemos iniciar falando sobre este impulso ocasionado na relação
entre cuidadoras e pets, resultando em uma maior consciência e
aprimoramento do desejo de ser mãe, citando a Teoria psicológica do
Apego. A Teoria do Apego em adultos descreve a interação e os padrões de vínculos com outros seres humanos, que podem certamente construir dentro da relação entre mulheres e pets, possibilidades ampliadas de estender este apego à maternidade. O que ocorre geralmente na relação entre as mulheres e seus pets é a função de maternagem, na qual estão presentes conceitos como cuidados, amor, conforto e segurança. Dependendo dos aspectos de história de vida e das necessidades existentes no momento presente destas mulheres, poderá certamente haver mudanças e implementações no desejo de ser mãe, através da vivência desta maternagem e do apego vinculado ao seu pet. É como se esta função construída em um primeiro momento com os pets, necessitasse ser ampliada para cumprir os propósitos sobre a própria vida. Em contrapartida, este posicionamento dos pets com a chegada de um bebê na família, parece desempenhar uma nova conexão de apego, pois os mesmos geralmente se sentem também atenciosos a estes bebês, como se agradecessem o que lhes foi oferecido pela sua cuidadora até então. Aparentemente o que ocorre é a construção de uma teia fundamentada em laços afetivos, na qual todos os envolvidos possuem ganhos cognitivos, sociais e emocionais.
Psicóloga Fabiana Witthoeft – CRP 08/08741
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